Eduardo Galeano - Sangue Latino

Ele diz muitas coisas interessantes no vídeo abaixo. Destaco uma que acho formidável.
"Se a gente olhar de cima, com a típica arrogância de nossos professores de democracia dos Estados Unidos ou da Europa e se além de olhar de cima, a gente olhar de fora, não entende nada."


Eduardo Hughes Galeano (Montevidéu, 3 de setembro de 1940) é um jornalista e escritor uruguaio. É autor de mais de quarenta livros, que já foram traduzidos em diversos idiomas. Suas obras transcendem gêneros ortodoxos, combinando ficção, jornalismo, análise política e História.

ENTREVISTA: A SUBVERSÃO DO CRISTIANISMO



Muitos pontos me chamam a atenção nessa entrevista do reverendo Caio Fábio, entretanto, gostaria de destacar um, em especial, onde ele afirma:


"O que os cristãos precisam saber é que Jesus não era cristão, e que nem tampouco quis Ele fundar o Cristianismo, nem ainda teve Ele interesse em algo que se assemelhasse à civilização cristã ou mesmo com a “Igreja”, conforme nós a conhecemos de 332 de nossa era até hoje. "


A PERGUNTA


----- Original Message -----
From: ENTREVISTA: A SUBVERSÃO DO CRISTIANISMO
To: contato@caiofabio.com
Sent: Friday, April 29, 2005 2:26 PM
Subject: ACERCA DE UMA POSSÍVEL NOVA REFORMA

Reverendo Caio,
 

A pergunta que finalmente encaminho é um tanto genérica. Mas baseada em um pequeno trecho do excelente "Cartas do Coisa-Ruim", do CS Lewis:
 

"Meu caro pé-de-cabra,
 

O que nos perturba, no tocante à turma com quem anda seu paciente, é que ela é simplesmente cristã... O que nós desejamos, se fazem mesmo questão de ser cristãos, é mantê-los num estado de espírito ao qual chamo 'cristianismo e'. Você me entende: Cristianismo e a Crise, Cristianismo e a Nova Psicologia, Cristianismo e a Nova Ordem, Cristianismo e a Cura pelo Espírito, Cristianismo e a Pesquisa Psíquica, Cristianismo e Vegetarianismo, Cristianismo e Reforma Ortográfica. Se querem absolutamente ser cristãos, que o sejam com uma diferença. Substitua pela Fé qualquer moda colorida de cristianismo..."
 

A pergunta: em sua opinião, quais os "complementos" que prejudicam o avanço autêntico da fé bíblica no Brasil atualmente?
 


A RESPOSTA

Sou de origem Presbiteriana e Católica. Meu pai era Católico e minha mãe Protestante Reformada. Portanto, sou filho das culturas religiosas e cristãs que mais fortemente moldaram o Ocidente: o catolicismo e o protestantismo. Daí, tudo o que eu falar a respeito, será com muita dor, posto que mesmo agora, enquanto escrevo, choro, vendo aquilo no que a fé em Jesus se tornou entre os cristãos em geral.
 

É obvio que a Cristandade é maior do que esses dois veios entre os quais eu cresci. Porém, não há dúvida quanto ao fato de que eles são os mais importantes na Cristandade, historicamente falando.
 

De fato, de certa forma, o que aconteceu ao Cristianismo no Brasil é demonstrativo do que aconteceu ao Cristianismo no mundo todo. Portanto, ao falar de qualquer coisa relacionada ao Cristianismo brasileiro, sei que estou falando também de algo que é tão variado como fenômeno, que pode ser visto como boa síntese do que aconteceu ao Cristianismo no mundo. Quem acompanha o que está acontecendo ao Cristianismo no mundo, incluindo todos os regionalismos, sabe que no Brasil cada uma dessas peculiaridades religiosas e culturais, indo dos Católicos aos Reformados—com todas as variáveis desses movimentos—, dos Pentecostais aos Neopentecostais—com todos os matizes possíveis, indo da tradicionalíssima Assembléia de Deus, à Universal e seus filhotes de franquia—, são manifestações locais e gigantescas do que acontece no mundo, na maioria das vezes sem a diversidade com qual o fenômeno cristão se manifesta no Brasil.
 

Digo isto apenas para chegar ao significado da Cristandade no mundo de hoje e no Brasil. Na minha opinião o “Coisa-ruim” não tem muito com o que se preocupar no Brasil. “Pé-de-cabra”, por aqui, conseguiu levar a maioria a praticar o “Cristianismo e...”; o que é ainda pior do que “Meramente Cristianismo”; ou ainda pior do “Cristianismo e Nada Mais”.
 

Ora, o que estou dizendo é que a questão é mais profunda do que “Cristianismo e”. De fato, o problema é o “Cristianismo”.
 

O que os cristãos precisam saber é que Jesus não era cristão, e que nem tampouco quis Ele fundar o Cristianismo, nem ainda teve Ele interesse em algo que se assemelhasse à civilização cristã ou mesmo com a “Igreja”, conforme nós a conhecemos de 332 de nossa era até hoje.
 

Na realidade, quem entendeu o Evangelho e seu significado, sabe que o Cristianismo já é uma grande vitória do “Coisa-ruim”, posto que ele (o Cristianismo) já é uma perversão, transformando o Evangelho puro e simples numa religião, com Dogmas, doutrinas, usos, costumes, tradições com poder de imutabilidade, moral própria, e muita barganha com os homens, em franca e pagã manipulação do nome de Deus, praticando, assim, uma obra de estelionato contra o Evangelho de Cristo.
 

Jesus criou o caminho da fé na graça e no amor de Deus, o que deveria ser algo livre como o vento, e vivo e móvel como a água.
 

Quem pode ouvir o ensino de Jesus, com toda sua desinstalação, com toda a sua mobilidade, com toda a sua liberdade de aplicação sem legalismo ou fixidez, com toda a confiança do Semeador no poder da semente-palavra, com toda ênfase na igualdade de todos, com toda a vindicação de individualidade para cada um, com toda denúncia aos poderes religiosos, e com toda a pertinência à vida—fosse para curar a mente, o corpo ou o espírito; fosse para anunciar a destruição do Templo como lugar de Deus; fosse para beatificar samaritanos e demonizar religiosos sem coração—; e, ainda assim, im
aginar que Jesus tem qualquer coisa a ver com o que nós chamamos de “igreja”, seja aquela que se abriga no Vaticano, ou sejam aquelas que têm tantas sedes quantos pastores, bispos e apóstolos megalomaníacos existirem? 


O mundo praticamente só conheceu o Cristianismo, posto que a própria Reforma ainda foi um desses “e” acerca do qual o “Coisa-ruim” falou com o “Pé-de-cabra”.
 

O mundo não teve ainda a chance de conhecer o Evangelho, conforme Jesus, e conforme as dinâmicas livres e libertadoras do caminho, conforme as narrativas dos evangelhos, nas quais o único convite que existe é para se “seguir” a Jesus.
 

Uma Reforma é ainda “remendo de pano novo em veste velha”.
 

Buscar reformar o Cristianismo é uma nobre idealização do “Coira-ruim”, pois, assim sendo, nada muda, mas apenas se adia o comprometimento radical que o Evangelho demanda.
 

O Cristianismo é uma tentativa vitoriosa do “Coisa-ruim” quanto a tentar diminuir a loucura da pregação e o escândalo da Cruz.
 

O Cristianismo é a cooptação feita culturalmente pelos gregos e politicamente pelos romanos, daquilo que um dia havia sido apenas o Caminho, conforme o livro de Atos dos Apóstolos.
 

No Cristianismo Deus tem Seus representantes fixos e certos na terra—o clero, seja ele Católico ou Protestante—, tem Suas doutrinas e Dogmas escritos por concílios de homens patrocinados por reis, e tem na sabedoria deste mundo seu instrumento de elaboração de Deus: a teologia.
 

No Cristianismo Deus é objeto de estudo e de sistematização teológica; e, de fato está a serviço de ideologias variadas.
 
Desse modo, no Cristianismo, “Deus” não passa de uma Potestade religiosa e de um poder mantido pelos homens, posto que se crê que sem o Cristianismo e a Igreja, Deus está perdido no mundo.

Ora, que reforma há a ser feita naquilo que não deveria jamais ter existido?
 

De fato, a coragem que se demanda desta geração é bem maior do que aquela que fez com que camponeses oprimidos pelo papado de Roma tiveram que ter a fim de iniciar a Reforma. Digo isto porque ‘ali’ a mudança não era radical.
 

A Reforma arrancou os ídolos do lugar do culto, e os retirou da devoção dos fiéis; aboliu o papado, acabou com boa parte do clero conforme a formatação católica, e afirmou que a Graça, Cristo, a Escritura e a Fé eram os ‘pilares’ sobre os quais a “igreja” deveria ter seus fundamentos.
 

No entanto, a Reforma não se viu livre das técnicas gregas de ‘fazer teologia’ e suas sistematizações, e nem abriu mão do logicismo grego, antes utilizando-se dele a fim de criar seus próprios credos, dogmas, doutrinas e leis morais.
 

A Reforma é um Catolicismo que fez Dieta. Só isso.
 

Todavia, a coragem revolucionária que o Evangelho demanda de cada geração a fim de viver o continuo processo de conversão e de não conformação com este mundo, é aquela que se lança ao vento, e caminha pela fé, e que se dispõe a se deixar reinventar conforme o espírito do Evangelho, posto que o Evangelho não propõe uma religião, mas o Caminho.
 

Ora, isso significa que cada nova geração tem que ter a coragem de vestir o Pano Novo do Evangelho no seu tempo e beber o Vinho Novo do Reino em odres novos conforme a atualização que o espírito do Evangelho faz de si mesmo em cada nova era na existência dos humanos.
 

O Cristianismo não acabará. Ninguém tem o poder humano para acabar uma confraria moral e religiosa movida por tantos e tão variados interesses humanos e mundanos como o é o que acontece com a religião cristã.
 

Eu, de mim mesmo, e apenas tomando a liberdade de pensar e crer que o Evangelho me concede, acredito que se há de haver um “anti-cristo” humano na terra, sem dúvida, ela será “cristão”. Afinal, eles “procedem do meio de nós”; e, historicamente, nada significou um estelionato mais sutil e maligno do que a perversão do Evangelho no Cristianismo.
 

O Brasil está cheio de Cristianismo, e, paradoxalmente, morto do Evangelho.
 

“Coisa-ruim” e “Pé-de-cabra” estão de férias, aproveitando que o trabalho deles já tem muitos e muitos voluntários em pleno engajamento, e trabalhando com toda avidez, dizendo que o que realizam é em nome de Deus, sem saberem que fazem a vontade do “Coisa-ruim”.
 


NOVA PERGUNTA

O sr. poderia propor uma "agenda mínima" de uma, digamos, Nova Reforma?

NOVA RESPOSTA

Conforme eu disse, não creio em Reformas. Creio, sim, numa Revolução do Evangelho, a qual, só incluirá os cristãos se eles tiverem a coragem de desistir do Cristianismo e abraçar o supremo, porém, seguro risco de apenas andar conforme a revelação da Graça de Deus em Cristo, conforme a Palavra do Evangelho.
 

A Revolução do Evangelho não se atém a nenhuma preocupação com construção de nada. De fato, o grande problema sempre teve a ver com a necessidade de segurança que as pessoas dizem precisar—o que a religião ficticiamente oferece—; e que é o que as impede de apenas andarem pela fé no que Jesus já fez e consumou por todos os homens.
 

Assim, o que se demanda é coragem para desconstrução, visto que a promessa é que o próprio Espírito sempre haverá de nos conduzir a toda a verdade. Isso quando se anda apenas pela fé.
 

A Reforma elegeu elegeu 95 teses e 4 pilares fundamentais; a saber: Cristo, a Escritura, a Graça e a Fé. No entanto, isso ainda é vício grego e prevalência das sistematizações doutrinárias contra o espírito do Evangelho.
 

Estou convencido de que a única mensagem que existe em Jesus é acerca da Graça eterna de Deus. Minha convicção pessoal também é que onde quer que o Evangelho se transforme numa fé doutrinária, ali ele morre...
 

Se queremos algo de verdade e sério, temos que saber que isso demandará de nós uma volta humilde e sem tradições para a Palavra, isso a fim de sermos completamente lavados das tinturas com as quais o Cristianismo pintou a fé para nós.
 

Quando se diz que Cristo, a Escritura, a Graça e a Fé são o nosso fundamento, isso soa belo, mas ainda é perversão. Na realidade o fundamento é Cristo, e os Apóstolos e Profetas são fundamento apenas na medida em que dão testemunho do espírito de Jesus e da Graça.
 

Criar uma doutrina da salvação e que tenha a ver com aquilo que o homem possa fazer em obediência a uma doutrina escrita e sistematizada por homens, é blasfêmia.
 

Cristo é tudo!
 

É a partir de Jesus que a Escritura toda tem que ser lida. E tudo aquilo que nela (na Escritura) não der testemunho do Evangelho—segundo os evangelhos, Paulo e o escritor de Hebreus—, é algo a ser considerado como tendo se tornado obsoleto.
 

Assim, não basta que se tenha Escritura nas mãos e sendo objeto de estudo. Isso porque a Escritura, quando lida pelas mediações doutrinarias de nossos doutores e mestres, não promove o Evangelho, mas tão somente a Lei Moral e os Dogmas inventados pelo Cristianismo.
 

Quando, porém, a Escritura é lida a partir dos ensinos, dos feitos e dos modos de Jesus, então ela pode ser útil. Quando, porém, ela é algo que ‘contém também Jesus’, estabelece-se a tragédia. Digo isto porque desde a Encarnação a Escritura perdeu seu poder de dizer “como”, posto que é em Jesus que a Escritura se explica em sua síntese e suma. Jesus é a Chave Hermenêutica de tudo, incluindo a Escritura.
 

As implicações do que estou dizendo, todavia, promovem desconstruções profunda demais; e, eu, pessoalmente, não acredito que esses que se acostumaram ao vinho velho, jamais dirão que o novo é melhor.
 

Sei que o que digo é verdade segundo o Evangelho, mas também sei que tal fé é incompreensível pelas mentes viciadas no Cristianismo; e sei que é desinstaladora demais para aqueles que vivem do negócio clerical cristão.
 

Quanto a uma possível agenda para uma “Nova Reforma”, sinceramente, se eu sucumbisse à tentação de oferece-la, já estaria sucumbindo à tentativa grega de sistematizar o não-sistematizável.
 

O que creio é que há um Basta de Deus em processo de eco no ar...
 

O reino é Dele. A Igreja é Dele. O Povo é Dele. E Ele mesmo haverá de nos surpreender.
 

Quem, porém, desejar o Novo, então, se desejar ajudar, que não faça mais nenhuma barganha com a religião cristã, e, em contrapartida, que se entregue de coração ao Evangelho de Jesus, e que viva conforme a simplicidade da fé que confia que ‘tudo está feito’, e que não sobrou tarefa complementar e vicária a ser realizada por mais ninguém, nem pela igreja.
 

Desse modo, sei que sou uma voz solitária no deserto. Aliás, no que diz respeito a dizer o que digo, outros também o dizem, a diferença é que dizem e não fazem.
 

Na hora em que milhares e milhões que assim crerem passarem a viver livres conforme o Evangelho, então, sem pai, sem mãe e sem fundador, a revolução se estabelecerá, sem sede, sem geografia, sem dono, sem tutor, e sem reguladores da fé.
 

Isso, todavia, só será real e genuíno se Jesus for tudo, e o espírito do Evangelho da Graça for a única lei da vida.
 

Bem, vou ficando por aqui. Quem quiser saber se o que digo é verdade, então pratique, e logo verá que o que digo não é uma teoria da revolução, mas sim o próprio espírito do Evangelho. Além disso, creio que meu site é um bom guia do que creio e ensino a esse respeito.
 

Caio





Fonte:http://www.caiofabio.net/

CHE

por Júlio Cortázar, outubro de 1967

Eu tive um irmão.

Não nos vimos nunca
mas não importava.

Eu tive um irmão
que caminhava pelos montes
enquanto eu dormia.
Amei-o à minha maneira
tomei sua voz
livre como a água,
caminhei de vez em quando
perto da sua sombra.

Não nos vimos nunca
mas não importava,
meu irmão desperto
enquanto eu dormia,
meu irmão mostrando-me
atrás da noite
sua estrela escolhida.

Fonte: Ensaios e testemunhos CHE, Editora Busca Vida

Por um novo modelo hermenêutico

O Texto abaixo visa trazer a discussão o legalismo exacerbado de algumas decisões, que muitas das vezes privilegiam a aplicabilidade da norma sobrepondo-a à necessidade do caso concreto. Ocorre que com base no artigo abaixo, deveria se subjetivar ainda mais as decisões. Daí, não posso afirmar que concordo com o proposto no texto. Tirem suas próprias conclusões.

João Ibaixe Jr. - 24/06/2011 - 11h25

Tornou-se recorrente a afirmativa de que o Direito passa por uma crise, gerada por fatores diversos, que reflete diretamente no resultado da atividade judiciária. Se verificarmos com cuidado, ao abrirmos os jornais, defrontamo-nos com decisões judiciais que às vezes atentam até mesmo contra o bom senso mais singelo.
A embaraçosa conjuntura, olhada mais de perto, apresenta uma linha sobre a qual se deita a problemática como um todo. Trata-se da questão da interpretação das leis ou do próprio Direito, ou seja, do uso de nossa ferramenta de trabalho. Não é o bom ou o mau uso, mas a própria ferramenta que se encontra desgastada e é chegado o momento de questioná-la.
Faz-se necessária investigação sobre a possibilidade de estabelecer estratégias para a compreensão e decisão de determinado conflito, construindo-se um método de interpretação que venha a superar os problemas apresentados pela doutrina tradicional.
Normalmente o método desta tem caráter dogmático-positivo, seguindo passos instrumentais de trabalho. Por isto, muitas vezes, a aplicação da lei acaba por se distanciar de um resultado social adequado, o que se converte numa sensação de injustiça, quando, na verdade, o aplicador da norma realizou uma atividade técnica em sua plenitude.
De acordo com a prática judicial tradicional, a qual utiliza o
chamado "método subsuntivo", não se exige a compreensão do fato como situação complexa, mas ele é isolado num desenho que deve ser emoldurado pela lei. Num primeiro momento, mediante o emprego de procedimento dedutivo-indutivo, de caráter lógico-formal, extrai-se um significado da norma que, transformado em coisa em si ou ente, justificada tal operação na idéia de suposta vontade da lei ou vontade do legislador, passa a funcionar como uma espécie de moldura à qual deve ser o fato ajustado.
O erro principal, contudo, está em reduzir a aplicação da lei ao caso concreto, por um modelo de subsunção, considerando tanto a própria lei quanto o caso como "entes" – como um “sido” – como um acontecimento estático.
Para se evitar isto, o operador do Direito tem que ler a realidade como um todo complexo, como um sistema dinâmico em equilíbrio, no qual o problema jurídico caracteriza-se como conflito, que surge em movimento vivo dentro do sistema social, provocando um desequilíbrio que precisa ser encerrado.
Não basta, como na plataforma clássica, apenas ler a lei e adequá-la a constituição usando o significado obtido como um ente que serve de moldura ao caso concreto. Também não é suficiente o uso já comum de uma analogia retórica, cuja função é a mesma do argumento de autoridade.
É preciso ler o texto legal em seu contexto completo, ou seja, efetuar uma leitura com base na situação, recolhendo desta todos os componentes fáticos possíveis e ponderá-los num confronto direto com o texto legal, considerado este como projeto para uma dinâmica de redução de complexidades, ou seja, como eixo orientador da ação concreta.
O operador tem, em primeiro lugar que ler a realidade expressa pela situação. Em seguida, ponderada esta, deve concretizar o texto numa norma que decida especificamente o conflito. Na leitura do texto, o operador deve recolher todo o conteúdo semântico presente no próprio texto. Deve buscar a finalidade ou a proposta mais ampla do texto legal inserido na cultura que o produziu. De posse desse conteúdo semântico, o operador estabelecerá uma relação de ponderação com a situação, sopesando ainda possíveis agentes externos de pressão.
Finalizando seu trabalho, deverá expressar sua decisão de modo a criar norma concretizada, ou seja, preceito ou regra que, contendo toda a significação da situação, seja aplicável àquele caso concreto em si.
No modelo proposto, o conflito é considerado como um campo de possibilidades amplificado, cuja permanência provoca indesejado desequilíbrio sistêmico em face dessa mesma amplitude de possibilidades. Para reduzir o conflito a um modo de ser efetivo, há que se descobrir seu sentido real e estabelecer normativamente um definido modo de ser para ele.
Levando-se em conta a complexidade total da situação, talvez se possa encontrar um modelo hermenêutico mais adequado á solicitação do novo século.

O que vem a ser a Teologia da libertação?

teologia da libertação é uma corrente teológica que engloba diversas teologias cristãs[1] desenvolvidas no Terceiro Mundo ou nas periferias pobres do Primeiro Mundo a partir dos anos 70 do século XX, baseadas na opção preferencial pelos pobres contra a pobreza e pela sua libertação. Desenvolveu-se inicialmente na América Latina.
Estas teologias utilizam como ponto de partida de sua reflexão a situação de pobreza e exclusão social à luz da fé cristã. Esta situação é interpretada como produto de estruturas econômicas e sociais injustas, influenciada pela visão das ciências sociais, sobretudo a teoria da dependência na América Latina, que possui inspiração marxista.
A situação de pobreza é denunciada como pecado estrutural e estas teologias propõem o engajamento político dos cristãos naconstrução de uma sociedade mais justa e solidária, cujo projeto identifica-se com ideais da esquerda. Uma característica da Teologia da Libertação é considerar o pobre, não um objeto de caridade, mas sujeito de sua própria libertação. Assim, seus teólogos propõem uma pastoral baseada nas comunidades eclesiais de base, nas quais os cristãos das classes populares se reúnem para articular fé e vida, e juntos se organizam em busca de melhorias de suas condições sociais, através da militância no movimento social ou através da política, tornando-se protagonistas do processo de libertação. Além disto, apresentam as Comunidades Eclesiais de Base como uma nova forma de ser igreja, com forte vivência comunitária, solidária e participativa.
Por seu método e opções políticas, trata-se de uma teologia extremamente controversa, tanto pelas suas implicações nas igrejas quanto na sociedade. A partir dos anos 1980, com a redemocratização das sociedades latino-americanas e a queda do muro de Berlim com consequente crise das esquerdas e as transformações sociais e econômicas provocadas pela globalização e o avanço do neoliberalismo esta teologia perdeu parte de sua combatividade política e social.
Fonte: Wikipédia
Pode ser que um dia deixemos de nos falar...
Mas, enquanto houver amizade,
Faremos as pazes de novo.

Pode ser que um dia o tempo passe...
Mas, se a amizade permanecer,
Um de outro se há-de lembrar.

Pode ser que um dia nos afastemos...
Mas, se formos amigos de verdade,
A amizade nos reaproximará.

Pode ser que um dia não mais existamos...
Mas, se ainda sobrar amizade,
Nasceremos de novo, um para o outro.

Pode ser que um dia tudo acabe...
Mas, com a amizade construiremos tudo novamente,
Cada vez de forma diferente.
Sendo único e inesquecível cada momento
Que juntos viveremos e nos lembraremos para sempre.

Há duas formas para viver a sua vida:
Uma é acreditar que não existe milagre.
A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre.