Gonzaga, minha história


Essa semana gostaria de fugir um pouco da regra de grandes líderes socialistas e me afundar na vida de uma figura mais que comunista. Ele fez com que o sulista cantarolasse que a terra ardia, mesmo no frio. 

Ele juntou ao som de seu acordeom os retirantes do nordeste, que migraram ao sul fugindo da seca. Comunista do som, do ritmo, da festa. Ele fez o Brasil todo xaxar, forrozear.  Meu homenageado dessa semana é Luiz Gonzaga, o nosso Gonzagão.

Semana passada fui junto com minha família, assistir o filme que conta a história do Rei do Baião e de seu filho Gonzaguinha. 

Confesso que os olhos saíram marejados de lágrimas e a respiração pesada. É de chorar.

A vida de Gonzagão e de sua família é, talvez, a história de muitas famílias do Nordeste.

Graças a Deus, eu não sei o que é passar fome, sede, miséria, mas me lembrei de meus avós. Sei que desbravaram esse nordeste para que minha geração tivesse conforto.

De um lado meu avô José de Araújo Neto, vindo de Murici pra ter e criar seus filhos na capital, fazê-los vencer, tornarem-se homens e mulheres dignos. Já ouvi histórias sobre sua vida que se assemelham muito a de Gonzaga. Do outro lado, Carlos Moraes, que cortava as estradas do Norte e Nordeste do país em cima de um caminhão, construindo o sonho tão recente da Petrobrás.

Assistindo a Gonzaga, De Pai Para Filho, quase pude ouvir Dona Inês, cantando baixinho Asa Branca enquanto fazia o feijão, no velho fogão a lenha, que minha mãe já me falara tantas vezes.

Fechava os olhos e podia ouvir o som de Pisa Na fulô, que percorria os corredores no velho casarão do Centro onde minha avó Nausa passava as roupas do pequeno Jarbas.

Gonzaga, de Pai Para Filho, é a história da gente. A história das dores e conquistas do povo do nordeste brasileiro, dos nossos antepassados.  É a história de um homem, que fez o povo do Brasil cantar unido, junto, e tornou o baião comum a todos os brasileiros.

Meu comunista dessa semana é Luiz Gonzaga, o Rei do Baião!
Vale a pena assistir o filme de sua vida.