Medicina, lousa e giz


Certa vez, assisti a uma entrevista do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, acho, que na GLOBONEWS. Ele deixara a presidência da república havia algum tempo e contava ao entrevistador de sua experiência ao dar uma aula em Harvard.

FHC contava de sua surpresa ao descobrir que nas salas de aulas daquela faculdade só havia cadeiras, uma lousa e giz.

Cardoso falava, que durante todo o seu período à frente do Brasil, sempre foi cobrado pela modernização da educação no país, o que envolvia, inclusive, a modernização das salas de aulas com computadores, internet, etc..., mas que pôde perceber e aprender com Harvard, uma das mais conceituadas instituições de ensino do mundo, que a boa educação pode ser feita sem grandes estruturas, bastando para isso boa vontade e compromisso.

É dentro dessa linha de pensamento, que tenho de admitir que me sinto maravilhado com a chegada ao Brasil, dos estrangeiros que irão trabalhar com a saúde no Brasil.

Portugueses, espanhóis e cubanos já se encontram entre nós. Talvez só tenham esparadrapo, cadeiras e compromisso com o próximo para desempenharem suas missões e salvarem tantas vidas desassistidas por décadas, séculos...

Por outro lado, devemos preparar nossos corações para possíveis decepções e desilusões. Será que seremos surpreendidos pela constatação de que nunca faltara estrutura? Será que descobriremos finalmente que nossos patrícios médicos mentiam? Que sempre camuflaram o caos na falta de estrutura e no denuncismo do descaso dos governos por pura maldade ou ganância? Será?

Enfim, estejamos vivos para testemunharmos tudo que acontecerá, pois talvez venhamos a descobrir uma medicina possível e de altíssima qualidade, feita de cadeiras, lousa e giz.