Diário de Bordo
Caro amigo,
Assim como você fez há cinquenta e tantos anos atrás, procuro fazer a mesma coisa, ao meu modo, para entender a realidade do meu Brasil á partir dos outros países.
Esse mês que deixamos para trás, estivemos, eu, minha morena e minha linda filha Mariana, em Paris.Foram seis dias de muita pressa e agitação para conhecermos ao máximo a cidade Luz. Havia tantos lugares a conhecer, tantas histórias a escutar. Nos esforçamos bastante, mas, com certeza, deixamos muitos cantos a desbravar.
Assim como você, amigo, a cada fim de dia anotava tudo o que havíamos feito em meu diário de bordo.
Aqui está ele.
Saímos do aeroporto Zumbi dos Palmares às 14:20h em direção a Salvador/ BA pela GOL. Meus pais, irmão, cunhada e Lu foram nos levar.
Depois de cinquenta minutos de vôo, aterrizamos e foram seis longas horas de espera até pegar o Air Europa rumo a Madri.
Antes tivemos um pouco de stress com a Polícia Federal por conta da certidão de Nascimento de Mari.
Aeroporto de barrajas, Madri |
Depois de quase nove horas de vôo e altos cochilos, chegamos a Madri. Cocozinho, xixizinho e lá fomos nós. No scanner da bagagem, presenciamos um momento de grosseria dos policiais espanhóis com um casal de franceses bem idoso.
Aeronave de novo, hora e meia até Paris. Dessa vez fui com um executivo francês ao meu lado. Careca que nem o cojaque.
Elis e Morena, quando chegamos na casa de Maristela |
No Aeroporto Internacional de Orly, Terrinha e seu noivo Kume (Cosme em francês) nos esperavam. Muita bagagem pra carregar e fomos para o metro. Pense na correria! Pense num frio. Chegamos no apartamento de Maristela e Terrinha preparou um lanchinho pra gente.
Por volta das 19:30h, Maristela chegou do trabalho. Muita emoção pra ela ter os seus tão perto no longe.
O choro ela guardou pra o abraço em tio Jorge, seu irmão.
Uma frase dela me marcou sobre Paris: aqui ninguém olha pra você na rua, somos invisíveis.
Rua Lecourbe |
Compramos tickets do metro para andarmos a cidade toda. Dez no total, cerca de 12,30 euros.
Deixei as meninas no hotel e saí às 23h para comprar comida na Rue Lecourbe. Na volta esqueci o cartão do quarto e as meninas estavam dormindo. Quase derrubo a porta e acordo a todos no hotel.
Nós na Ponto dos Artistas perto de Notre Dame e do Sena |
Acordei às 8:15h da manhã, horário local e achei que meu relógio estava errado. Tudo se mantinha na escuridão. Não convencido, chamei por Roberta e, aí, ela me disse que aqui só fica claro à partir dàs 8:30h.
Depois de nos aprontarmos, tomamos nosso café matinal e com máquinas na mão, fomos à rua.
Arredores do Hotel onde ficamos. |
Como Paris é aconchegante! As pessoas fazem tudo a pé. Muitos parques, cães com seus donos fazendo caminhada.
Descobrimos que a Eiffel estava bem próxima de nosso hotel.
Encontrei uma loja da Ferrari e bati fotos pra meu irmão de uma conversível.
Fomos no Palácio das Armas, somente a parte externa.
Depois, ligamos pra casa de Maristela e marcamos de ir a Lafayete. Sofremos um pouco com o cartão telefônico e com o orelhão.
Roberta na Galeia Lafayette |
Andamos muito e fomos a Catedral de Notre Dame. Ela estava magnífica no auge dos seus 850 anos de vida.
Saint Ethiene |
Na grande catedral fizemos algumas fotos e pude fazer uma prece por minha família, meus amigos e minha igreja. Relamente um ambiente construído para que pensemos unicamente em Deus.
Á tarde, fomos aos Jardins de Luxemburgo. Realmente encantador e imenso. Tudo o que imaginei a minha vida toda, mostrou-se ainda maior e mais surpreendente do que eu imaginara.
Jardins de Luxemburgo |
À essa altura minha mulher já estava craque geograficamente em Paris. Domina o subway como poucas parisienses
Depois de um bom banho morno, cama.
No Museo do Louvre |
Acordamos hoje às 8:00h e depois de nosso desjejum, rua novamente. Havia muita coisa a desbravar.
Pegamos o subway e fomos à casa da Maristela.
Ainda encontramos todos se arrumando.
Saindo de lá passamos hora e meia tentando encontrar um ponto de ônibus, onde pudéssemos pegar um transporte para o Louvre.
Com câmeras em mãos, chegamos ao museu. Nunca vi nada tão grandioso. Tantas obras, muitas histórias.
Fiquei estupefato. Ficamos tão encantados que Jorge esqueceu-se de nós e se perdeu dentro do Louvre.
Mari e a Monalisa |
Sentados lanchando, Elis foi interrompida por um senhor francês que tentava lhe avisar sobre sua bolsa, que estava entreaberta. Como ela ficou nervosa, ele falou em inglês e entrei na conversa. Muita simpatia e cordialidade depois, descobri que era protestante e crente batista de uma igreja em Montparnasse. Trocamos informações e prometemos nos encontrar novamente.Seu nome era Michael.
Notre Dame |
Momento de stress. Quando nos achou, jogou a culpa em nós pelo fato de ter se perdido.
Respeitando suas cãs, deixamos reclamar mesmo sem razão.
Encontramos um carrossel, lembrei de Lu e do quanto gostaria de tê-la ao nosso lado nessa viagem.
Vinho quente pra aquecer e churros cobretos por Nutela, seguimos rumo a Champs Elysée em busca do Arco do Triunfo.
Ali descobrimos onde todos estavam concentrados. Que loucura, quantas pessoas desesperadas.
Entramos na loja da Addidas e na loja da Pegeout, onde comprei algumas miniaturas de seus modelos e Rô comprou relógios pra o pai e o irmão.
Arco do Triunfo |
Cansados, mais ou menos 21 horas, corremos para o metro da linha verde, número 6 seguindo todos no mesmo vagão. Ficamos na estação em Sèvres Lecourbe e a família de Jorge seguiu viagem até Saint Jacques.
Cantina do Pierre |
Já cansados, fui atendido por um garcom português chamado Jorge. Muito simpático. No balcão havia um imigrante italiano que tinha morado em Salvador/ BA. O cara era fascinado pelo Brasil. Não me recordo seu nome.
Saciados, nosso dia chegou mais uma vez ao fim.
Acordamos um pouco mais tarde, às 8:30h. Levantamos somente eu Mari pro desjejum.
Depois de um café à base de iogurte e carboidratos, fiquei no Hall do hotel postando algumas fotos no facebook e mandei emails pro meu irmão.
Morena já de pé, corri e terminei de me arrumar para sair, isso por volta de 11 am.
Andamos pelas redondezas da Lecourbe e seguimos em direção a Torre Eiffel.
Magnífica. Simplesmente Magnífica.
14 Euros por adultos, 11,80 para Mariana, subimos somente até o segundo andar. Morena disse não agüentar até o topo.
Metro de Paris |
Barrigas cheias, compramos alguns suveniers ainda na torre e descemos em direção ao Palais Chaillot e Champs de Mars. Fotos, fotos e fotos.
Pernas cansadas, mas munidos de muita curiosidade, voltamos a Galeria Lafayetti onde comprei 3 relógios, duas maquiagens, e Roberta outras tantas coisas.
Metro de Paris |
Pernas pra que ti quero, voltamos ao subway e descemos novamente na Sèvres Lecourbe. Compramos comida chinesa pra fazermos um piquenique no carpete do hotel. Ótima ideia!
Falamos com o Brasil pelo telefone, mais ou menos 1 Euro por minuto. Márcio/ Binha/ Hilma e Denise.
Acertamos o passeio do Senna com a família “me belisca” pra o dia 20/12/11.
Boa noite!
Nosso dia chegou ao fim mais uma vez.
Levantamos as 7:45h e depois do café da manhã, subway até a Torre novamente. Chegamos às 9:30h e deveríamos esperar por Jorge até as 10:00h. Já nervosos e bravos, saímos de lá sem ele e sua família às 11:15h em direção ao Bateau Mouche, Rio Sena.
Compramos 2 tickets pra adultos e uma para Mari.
Bati algumas fotos de uma Ferrari que estava em exposição na margem do rio pra mostrar a Márcio.
Entramos e fomos para a parte superior do Catamarã. Nos acompanhava um grupo de meninos loiros, todos de farda, escrito, European Tour. Acho que vieram para competir em Paris.
Basílica de Sacré Cœur |
Ao passar pelas pontes e viadutos, o grupo do Europen Tour gritava para os transeuntes nas pontes. Uma comédia mesmo.
Fim do passeio, de mais ou menos uma hora, voltamos pra margem e qual não foi a nossa surpresa, encontramos e Jorge, Elis e Patrícia, que chegavam para dar início ao passeio.
Segundo ele, a calefação havia faltado à noite, assim como a luz do apartamento do Jean.
Fomos embora certos de nos encontrarmos mais tarde para jantar.
Lanchamos por volta de 13:00h nas margens do Sena, cada um com seu crepe.
Apresentação no arredores de Sacré Coeur |
Bucho cheio, seguimos ao metro para Sacré Coeur. No caminho mais fotos e filmagens.
Descemos em Sacré Coeur por volta das 15 horas. Nos informamos sobre como chegar à igreja e lá fomo nós. Escada pra cima e pra cima.
Encontramos uma linda feirinha, como muita comida boa e farta no caminho da capela. Havia também um senhor com o cão labrador, ele muito elegante e o cão muito educado. Aproveitei para matar a saudade dos meus cães, acariciando aquele labrador.
Entramos na capela e fomos logo avisados: silêncio, roupas descentes e sem fotos e/ou filmagens.
Igreja muito simpática, de guardiões atentos e bravos, mas, mesmo assim, consegui tirar duas fotos do interior da igreja.
Algumas orações por minha família, amigos e igreja e fui embora.
Doces e salgados na feirinha de Sacré Coeur |
Paramos e compramos doces e chocolates caseiros na tal feirinha perto de Sacré Coeur.
Descemos por outro caminho e compramos lembranças e mais lembranças numa lojinha muito aconchegante.
Pegamos o metro e seguimos para a casa da tia Maristela, para jantarmos.
Chegamos às 18:40h na casa dela e encontramos Mila pela primeira vez em Paris. Havia chegado a pouco de Oslo, Noruega. Coitada, havia perdido a mala na viagem.
Família jantando - mesa grande, do jeito que Jorge queria |
Muito frio, mas o restaurante muito aconchegante, onde era servido comida tailandesa, sempre no menu. Sopa de entrada, carne com cebola e arroz com ervilha e presunto e muito vinho. Fechamos com um dessért horrível. Deixamos, 50,00 euro por família.
Voltamos a casa de Maristela, sempre à pé, para pegarmos uma mala enviada por ela a Amanda.
Metro, para Lecourbe, banho e cama. Deveríamos acordar mais cedo ainda no dia seguinte para aproveitarmos nosso último dia. Fomos dormir as 00:30h. Fim de mais uma dia.
Dia 21/12/2011
Acordamos às 7:00h. Breakfast very fast, seguimos em direção ao metro, para pegar a linha C, que nos levaria a Chateau de Versailles.
Deixamos o subway e pegamos um trem diferente, cadeiras em baixo e no primeiro andar, parecendo ser para percorrer grandes distâncias.
Seguindo Pierre na ferrovia perto de Verssailles |
Confiantes da certeza de Roberta que já havia dominado o subway, e acrescido a isso a grande conversa com suas primas na noite anterior, seguimos em frente até não restar mais ninguém no vagão.
Cada quilômetro percorrido descobríamos uma França diferente. Encontramos muitas casas, que já eram oposta a Paris, onde somente víamos prédios residenciais e comerciais.
Ocorre que em um determinado momento da viagem, já não havia mais estações a encontrar o que nos deixou a todos apreensivos sobre nosso futuro.
Mariana muito nervosa dizia para praticamente arrombarmos as portas do vagão e eu tentando manter a calma falava: uma hora a gente para. Paramos, sim, mas longe da estação e ao lado de outro vagão.
Comecei a bater na porta que dava acesso ao vagão do maquinista e qual não foi a nossa surpresa o mesmo nos encontrou e disse, com espanto, esse trem não vai mais a lugar nenhum. Sigam-me que vou levá-los a estação.
Seguimos, Pierre, esse era seu nome. Franzino e loiro com uma fala confusa, mas muito simpático.
Seguimos Pierre por cerca de 400 metros até a estação e dissemos-lho, não queremos mais Versailles, queremos voltar a Paris.
Ele nos deixou dentro do vagão para Paris. Como falar mal dos franceses?
Seguimos então para Glaciere, casa de Maristela, onde encontramos com Mila.
Tomamos chã e esperamos por Jorge e família que ligou e pediu para que esperássemos.
Quando chegaram, saímos todos e deixamos Mila fazendo uma super faxina, pois Maria Augusta, tia avó de Mariana, chagaria para passar o restante do ano.
Compras em Montparnasse |
Circulei com Jorge nas redondezas deixando-as na caça de oportunidades.
Descobrimos um lugar para o almoço, com comida chinesa à vontade por 10, 90 euros a cabeça.
Voltamos para buscá-las e almoçar. Seguimos em direção ao restaurante, agora em seis, mas, infelizmente, a maitre nos avisou que fecharia dentro de 20 minutos, então desistimos todos.
Seguindo em frente, somente havia pães, crepes e bagetes em oferta para o almoço, mas já não agüentávamos mais.
Nahit, o simpático garçom de Bangladesh |
Fomos atendidos por um simpático garçom indiano de Bangladesh. Sua simpatia nos surpreendia, uma vez que não parava de elogiar o Brasil e o povo brasileiro. Dizia querer estar no Brasil em 2014 para a copa do mundo.
Começamos uma longa conversa, sobre sua terra natal e os comparativos com a vida na França. Nahit, esse era seu nome. Disse que morava com seu tio e que era por vontade única de seu pai. Seu desejo, na realidade era estar na índia onde, sim era, feliz.
Lembro-me de ter peguntado a ele se em paris não havia mais dinheiro a ganhar e sua resposta foi que sim, mas que money is not the most important for him.
Nahit, disse ainda que morava num local sedido pelo governo francês e que na França as pessoas eram muito estressadas, que não havia tempo livre. Que lá só havia tempo para o trabalho. Lembrei-me naquele momento das palavras de Maristela.
Nahit conquistou a todos na mesa.
Bucho cheio, seguimos em direção as compras mais uma vez.
Zara, Louis Pion, Sefoha dentre outras foram nossas vítimas naquela tarde.
Gastamos, eu Roberta, muito e às 19:00h nos despedimos de Jorge e família, uma vez que tínhamos que arrumar as muambas nas malas, acerta o taxi para o hotel, fechar a conta e dormir muito cedo.
Última noite em Paris |
Arrumamos todas as malas, tomamos banhos, acertamos as contas e os horários e saímos para comer uma macarronada e uma deliciosa lasanha na cantina do Pierre.
O mesmo garçon nos atendeu na cantina. Sempre fascinado por Salvador, não parava de dizer: Samba, Carnaval e chegou a cantarolar algumas músicas de axé music.
Tudo perfeito, comemos bem os três e a conta chegou mostrando 30,00 euros.
Ultimos passos na rua Lecourbe, seguimos batendo fotos até o quarto e fomos dormir às 00;00h.
Acordamos às 6:30h, assim como combinado com o despertador.
Malas já prontas, somente faltava fechar a minha.
Descemos rápido as escadas e fechamos o que faltava ser fechado com o hotel.
Ainda deu tempo de beliscar um breakfast e mais que fast dessa vez. Logo a oriental que servia na recepção do hotel, gritava no salão do café, Taxi para Marcos Araújo.
Largamos nossas xícaras e corremos. Ainda estava escuro.
Um motorista, num carro de porta-malas grande nos esperava. Ele mesmo arrumou nossas malas no carro.
Calados até o Aeroporto de Orly. Entra em rua, sai de rua. Avenidas largas, chegamos ao aeroporto, no gate 2.
Descemos, a conta do taxi deu 42,00 euros.
Voltando |
Ao perceber que éramos brasileiros, gritou: Viva o Brasil.
Corremos e fizemos o check in. Hora e meia de espera no saguão do aeroporto, embarcamos cercados de estrangeiros e poucos brasileiros.
Chegamos a Madri e fomos ao toilet e depois um pequeno lanche.
Duty free, Pólo, Boss, Azzaro, Victoria Secrets, dentre muitos foram nossos investimentos.
Seguimos para o portão de embarque. No megafone, fomos informados da mudança de portão faltando poucos minutos para o embarque. Lá fomos nós correndo feitos loucos até o portão indicado.
Embarcamos rumo ao Brasil e nove horas depois, chegamos a Salvador. Estávamos exaustos. O calor nos tomou a todos novamente.
Um misto de segurança por estarmos em nosso país e de saudade pelo que deixamos para trás.
Um misto de segurança por estarmos em nosso país e de saudade pelo que deixamos para trás.
A PF mandou que retirássemos nossas malas antes de irmos ao Duty Free. Momento de stress. Será que seríamos pegos com nossas muambas? kkkkk
Compramos mais coisas e passamos sem termos nossas bagagem verificadas. Afinal de contas já pasava das 22:00h e os policiais federais eram baianos. kkkkk
Pequeno lanche e embarcamos rumo a Maceió. Muita saudade de meus pais, irmão, sobrinha, cachorros e minha casa. Só me lembro de pedir a Deus que os encontrasse em paz, aí apaguei, somente sendo despertado pelo impacto do avião no solo alagoano.