Jornalismo, democracia é o que penso!

Esse foi meu comentário à reportagem Miguel Baia Bargas: Sobre os limites do humor, exibida no Blog do Azenha, que discutia o fato de o CQC, programa da Rede Bandeirantes de televisão, em uma de suas reportagens, ter filtrado (censurado) a matéria onde o comentarista de futebol, Jorge Kajuru foi entrevistado e falou sobre o presidente da CBF, Ricardo Teixeira e outras pessoas tão insignificantes quanto ele.


Me sinto muito à vontade em opinar, uma vez que sou um mero advogado e não jornalista. 


Segue meu comentário:______________



Azenha,


Acho que todos nós brasileiros, não sabemos muito bem como lidar com a liberdade de expressão que conquistamos, principalmente, os nossos jornalistas.


Uma tarde dessas, eu assistia ao programa da jornalista Marília Gabriela no SBT, que, naquela ocasião, entrevistava Danilo Gentile (Link), um dos repórteres do programa CQC da Band. Lá pelas tantas, Marília puxou para sua pauta a entrevista que Gentile havia feito, meses atrás, com o deputado Federal Jair Bolsonaro, um notório defensor dos heterossexuais.


Na entrevista ela disse mais ou menos assim, prestem bem atenção: "vcs deram uma visibilidade a ele (Bolsonaro), que implica num espaço tb para que surjam pessoas que pensam como ele e que não tinham um porta-voz.... Vcs pesaram isso?",  alegando que Gentile não deveria ter dado voz ao opositor do movimento gay no Brasil. Notem a postura da jornalista. Ela deixou claro que nosso jornalismo é um faz de conta. Na realidade, não somos democráticos coisa nenhuma, a gente gosta é que as pessoas engulam o que nós falamos. 


Em minha humilde opinião, o papel do jornalista sério, ao trazer à discussão um tema, é mostrar os prós e os contras. É necessário oportunizar, inclusive, visibilidade a quem defende e a quem ataca, sem tomar partido. 


A resposta de Gentile foi, podem aplaudir: “Isso é o que o nosso sistema (Democrático) permite...” Ele nos ensinou, numa única frase, o que é jornalismo democrático. Veja, isso, pra mim, é um fato comum no meio jornalístico. O jornalismo brasileiro fala da Globo, fala da Veja, fala da Folha, mas age do mesmo modo sem, talvez, perceber. Ao assistir programas que permitem essa manipulação, eu tenho a plena convicção que ainda temos um longo caminho a percorrer quando se trata de democracia.


Não quero assistir a algo peneirado, filtrado, quero ver, sempre que possível na íntegra, com exceção das coisas de mau gosto.


Será que é tão difícil de entender o que eu estou falando? Tenho que ouvir o Serra e o Lula, o Bush e o Obama, o Deputado Jean Willys e o Jair Bolsonaro.


É por isso, Azenha, que afirmo, como leitor e telespectador que sou, vcs jornalistas tem muito que aprender em termos de democracia plena.  Não me assusto com fatos como este do CQC. É a nossa mais pura realidade.


Saudações.


Marcos Araújo